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O Bardo de Amn

O rapaz conversava com sua lira e ela, triste e solene, respondia. Conversava através dos dedos e movimentos de mãos e a lira emitia sua melodia em resposta. O som vagava pelos campos verdes, provavelmente não atingindo ninguém além dele, enquanto a brisa gelada soprava em direções contrárias, acariciando a grama e os cabelos castanhos dele em sua passagem. Mergulhado em um transe quase que hipnótico, o rapaz mal podia perceber as nuvens que escondiam o sol e transformavam o meio da tarde em um quadro de paletas acinzentadas. Em meio a conversa, começou a recitar. Recitava uma história cuja a melancolia equiparava-se a da melodia, criando uma simbiose comovente de emoções que somente interessava a ele mesmo.

– Numa noite mundana de Uktar, nascia um rapaz parido por uma dama acompanhada de seu par. Mas como lhe mostrar a mudança que a adaga do destino iria lhe causar?

Cassius Adonnen nasceu da relação entre um humano e uma elfa. Devido ao ofício de mercador de seu pai, sua família nunca teve um lugar para chamar de lar, viajando a vida toda fazendo negócios para sobreviver. O ambiente no qual cresceu também não era dos melhores. Sua mãe nunca lhe sorriu (e nem para ninguém), esgueirando-se pelos cantos como se conversasse com as sombras de sua própria mente. O menino nunca conseguiu entendê-la, mas sabia que deveria voltar seus olhos de preocupação para o pai: um homem tosco e grosso cujo olhar ameaçador lhe indicava a intensidade das surras que iria levar. Cresceu assim e, em pouco tempo, acostumou-se com as situações. Ver sua mãe depressiva ou apanhar de seu pai não lhe causava estranheza, raiva ou comoção. Se havia algum sentimento que isso lhe poderia trazer na época, talvez fosse conformidade.

A primeira reviravolta em sua rotina aconteceu aos onze anos de idade. Fazia entregas pela vila em que estavam, mercadorias que seu pai havia vendido no comércio local e prometido entregar em domicilio. Ao final do dia, quando chegou na pousada em que estavam hospedados, avistou uma grande carroça puxada por quatro cavalos de pelagem escura. A carroça era um vagão fechado, com barras que serviam de janela e duas portas ao fundo.

Gritos podiam ser ouvidos vindos do interior da construção. Foi então que a porta da pousada se abriu bruscamente e dois homens, usando máscaras de bico longo, saíram de dentro carregando uma mulher que se debatia.

A mãe de Cassius era carregada a força para dentro do vagão enquanto mordia o próprio braço em meio ao desespero para escapar. O menino correu em sua direção, mas foi segurado abruptamente pelo braço por alguém atrás. Seu pai lhe segurava com a expressão mais fria que ele já havia visto partir dele. Quando a elfa foi colocada, acalmou-se, mas Cassius percebeu que não havia sentimentos em suas feições. Era como se, ainda viva, a própria vida tivesse se esvaído daquela mulher. Os olhos azuis celestes, como os dele, estavam fundos e sem brilho e o cabelo, antes loiro reluzente, parecia cinza e cobria parte do rosto magro e castigado dela.

Trancaram as portas do vagão com uma barra de ferro e um cadeado grande. Os dois homens subiram na carroça e instigaram os cavalos a andar. Não havia inscrições ou qualquer tipo de identificação nas roupas daqueles homens (ou no vagão) além do bordado de uma rosa no canto superior esquerdo da máscara de um deles. Quando confrontou seu pai sobre o que estava acontecendo, recebeu um soco no rosto como castigo por estar gritando com alguém mais velho. Caiu no chão com o impacto e foi ajudado a levantar pelo próprio pai que lhe descrevia o quão doente da mente estava sua mãe.

– Aqueles homens a levaram para um lugar melhor. Um lugar com pessoas que podem cuidar dela. Onde ela pode descansar. — Disse-lhe. — Agora vamos, arrume suas coisas. Vamos partir para a próxima vila quando o sol terminar de se pôr.

Seguiram o caminho até a próxima vila noite a dentro. O ódio por seu pai, até então inexistente, passa a fermentar dentro dele. Durante uma das paradas, o homem cochilou e Cassius pensou seriamente em lhe cortar a garganta durante o sono. Chegou a ter a faca em mãos, mas desistiu antes mesmo de sair de lugar em que estava. Como sobreviveria sem ele? Provavelmente nem chegaria vivo ao seu destino. Nada mais foi dito sobre sua mãe desde então.

Cinco Greengrass’es se passaram desde então. No auge da adolescência, Cassius ainda viajava com o pai comerciante. O agora velho homem havia lhe ensinado muitas coisas, mas poucas delas tinham a ver com vendas propriamente ditas. Ele usava o rapaz para investigar os possíveis compradores da cidade e enganá-los a respeito da mercadoria que estavam comprando. Com um rosto bonito, devido a sua descendência, de fala mansa e simpático, Cassius quase não arrancava suspeitas dos moradores locais e podia muito bem ludibriá-los a cair nas armadilhas de seu pai, que vendia produtos muito piores do que por ele descritos e com preços que jamais deveriam ser atribuídos.

Viajou com seu pai a Baldur’s Gate e lá ficaram dias, tantos que ele perdeu a conta. Jamais haviam passado tanto tempo em um único lugar, mas Cassius entendia o porquê. Seu pai estava fazendo negócios com poderosos mercadores locais, prometendo-lhes revender seus produtos por toda Sword Coast e lhes entregar boa parte dos lucros provenientes das vendas. Quando finalmente conseguiu fechar contrato, partiram novamente em viagem, dessa vez observando o sorriso de seu pai com a oportunidade de se tornar um grande mercador e finalmente ter a vida que ele sempre quis.

Meses se passaram dessa alegria efêmera até que retornaram a Baldur’s Gate. Foram recepcionados por mercenários enviados pelos senhores mercadores locais. Cassius sabia o motivo daquela abordagem e, provavelmente, o que aguardava os dois. Seu pai estava retendo a maior parte do lucro e até mesmo forjando o roubo de algumas mercadorias a fim de conseguir mais dinheiro. Os documentos eram falsificados pelo próprio rapaz o que, obviamente, não agradara os grandes comerciantes quando descoberto. Foram presos e torturados até que finalmente seu pai conseguiu chegar em um acordo com aqueles que seriam seus algozes. Esse acordo foi a segunda reviravolta em seu mundo, a reviravolta que mudaria por completo na só a vida, como a personalidade de Cassius.

– Então, o que me tem a oferecer em troca de sua liberdade, Silvian Grimoult?
– Ele. — respondeu apontando para o filho. — Vendo-lhe como escravo a você para pagar a dívida que tenho.
– Vai descer ao fundo do poço e entregar sua própria cria como escravo para salvar a pele?
– Não me importo com ele. — respondeu. — Nunca me importei. Sequer dei a ele meu sobrenome. Ele possuí o nome da mãe, Arien. Faça com ele o que bem entender.

Olhou para Cassius com uma feição plana e plena. Parecia ter absoluta certeza do que estava fazendo. O grande mercador aceitou o acordo e fez sinal para que seus homens movessem o rapaz para outra sala. Diferentemente de quando arrastaram sua mãe, ele não esbouçou reação alguma, sequer tentou escapar dos braços e das amarras que o prendiam, mas fez questão de fitar o homem que um dia chamou de pai e lhe perfurar com o olhar. Se havia alguma consideração por aquela figura, perdeu-a. Se havia algum outro sentimento, cedeu lugar ao ódio.

Silvian foi libertado pelos captores e continuou a viajar como mercador, agora sozinho. O rapaz sabia que sem ele os lucros seriam mínimos, mas já não havia outra boca para alimentar. Ele, no entanto, sabia que devia se preocupar com ele mesmo naquele momento. Seus agora “donos” realizavam torturas diárias no rapaz, com o intuito de lhe ensinar a autoridade que possuíam sobre ele e a extensão do poder que o dinheiro poderia proporcionar. O auge das noites mal dormidas ocorreu quando dois guardas da masmorra em que estava resolveram lhe violentar durante o sono. N’àquela altura da vida Cassius já havia experimentado dos prazeres da carne e não via problema algum em se deitar tanto com homens quanto com mulheres. Mas aquilo era diferente. Aquilo não era prazer, era violência. Outra forma de castigo que lhe impunham naquele momento.

Semanas se passaram até que ele fosse exposto em praça pública para avaliação de seus possíveis compradores. Amarrado pelos braços, pernas e pescoço em um tronco de madeira ele passou a aguardar seus futuros “donos” e imaginava as atrocidades que o ainda esperavam. Vários o analisaram e o número de comerciantes e nobres lhe disputando subia a cada minuto. Foi então que um homem se aproximou. Trajava roupas que não eram da região, assim como os traços de seu rosto. Olhou-o e conseguiu ver no olhar morto do rapaz a angustia e o ressentimento que alimentavam seu ódio pelo pai. Comprou-o minutos depois, deixando boquiabertos os demais compradores que não sabiam quem ele era. Naquele mesmo dia, viajaram para o sul de Baldur’s Gate em uma caravana que, aparentemente, pertencia toda ao homem.

– Qual seu nome e quantos anos tem, rapaz? — perguntou.
– Me chamo Cassius e tenho 16 anos, meu senhor. — respondeu. — Cassius Adonnen.
– Um nome não muito comum entre os elfos. — disse examinando as orelhas pontiagudas dele.
– Não, meu senhor.
– Soube que você foi preso por conta de uma dívida. O que fazia antes?
– Meu pai é comerciante. Viajávamos por todo o território e eu lhe ajudava a conseguir mais clientes, meu senhor. — respondeu.
– E como fazia isso? — perguntou interessado.
– Eu conversava com os moradores locais e descobria suas vontades, bem como lhes incentivava a comprar coisas que eles sequer precisavam, pelo preço que meu pai estipulava, meu senhor.
– E você obteve sucesso alguma vez?
– A maioria das vezes, meu senhor.
– Ótimo. Muito bom mesmo. — disse entusiasmado enquanto arrumava o turbante em sua cabeça. — Pois a partir de amanhã eu testarei suas habilidades e, se você realmente conseguir convencer as pessoas a comprarem algo, passará a trabalhar comigo como um homem livre. Mas duvido que conseguirá tal feito trajando estas vestes. Ao chegarmos na próxima cidade lhe comprarei roupas novas.
– Muito obrigado, meu senhor.
– E vamos parar com “meu senhor”. Assim pareço muito mais velho que realmente sou. Me chame de Altair.

Cassius não sabia como reagir, mas a desconfiança ainda pairava em seu coração. Como é que alguém poderia tratar tão bem um escravo? Poderia haver algo por trás dessa bondade toda, mas ele não possuía outra alternativa senão esperar os dias passarem e os eventos se desenrolarem. O restante do caminho foi agraciado com música. Altair retirou de uma de suas bolsas uma flauta de metal prateado, ornado com inscrições e desenhos em cor azul em um material que ele não conseguia descrever. Altair tocava o instrumento com maestria e a melodia da flauta parecia inundar o interior do rapaz, conferindo-lhe uma sensação de segurança que ele nem mesmo havia sentido com pai e mãe ao seu lado.

Ao chegarem na próxima cidade, o teste foi posto e Cassius conseguiu a aprovação de seu novo “dono” ao final do dia. Altair comprovou as habilidades do rapaz e concedeu-lhe a oportunidade de uma vida melhor trabalhando ao seu lado. O rapaz aceitou e recebeu como presente a liberdade. Não seria mais um escravo, mas um aprendiz, um colega de profissão. Era a chance de fugir quando a sorte batesse em sua porta. E ela bateu várias vezes, porém decidiu não atender. Altair em poucos dias provou ser um pai melhor do que Silvian seria em duas ou três vidas. Antigo aprendiz dos preceitos do College of Lore, lhe ensinou muito mais do que apenas lidar com as pessoas e a barganhar. Ensinou-lhe também a tocar diversos instrumentos, a compor e a instigar, alegrar e até mesmo entristecer as pessoas com suas melodias, canções e histórias.

Altair, contudo, também não era uma das pessoas mais éticas que havia pelo continente, ainda mais sendo um comerciante de Amn. Alguém com o dinheiro e o poder que ele possuía não poderia ter ali chegado com trabalho puramente honesto. Ele usou o rapaz não só para influenciar pessoas comuns a comprar seus produtos, como também o treinou para se infiltrar em grupos dos mais variados tipos, compostos por aldeãos, nobres, comerciantes, militares, etc., conseguir sua confiança e lhes vender pelas costas para seus adversários ou então lhes tomar suas fortunas.

– Você não acha que seria melhor ter deixado o menino fora disso tudo, Altair? — Perguntou-lhe um de seus empregados.
– Nós, que nos corrompemos com sonhos de bens materiais, jogamos a ética e a moral no lixo. Como cobrar excelência de comportamento da juventude? — respondeu. — Sem contar que ele nunca conheceu o real significado dessas duas palavras: ética e moral. Mas ainda pode aprender o significado da palavra família.

Os anos foram passando e Cassius for gradativamente perdendo interesse pelo comércio. Quanto mais viajava, quanto mais estudava, mais ele desenvolvia curiosidade a respeito da história do continente e a respeito da mente e da personalidade de seus moradores. Toda vez que chegavam a um novo lugar, ele logo tratava de conseguir informações a respeito de como estava organizada da comunidade e qual era a sua história. Isso muitas vezes ajudava Altair, mas não possuía as vendas como foco. O novo sonho do rapaz, agora crescido e amadurecido em homem, há muito tornou-se conseguir acesso ao vasto conhecimento dos povos e a conhecer as pessoas que faziam parte de sua história. Por motivos óbvios ele nunca conseguiu esquecer os ensinamentos de Altair e as habilidades que havia desenvolvido. Não que fizesse questão de esquecê-las e mesmo que quisesse elas o acompanhariam para o resto de sua vida. Então por que não fazer uso? Era o que pensava.

Aos 26 anos de idade, resolveu sair por aí viajando por conta própria. Altair lhe ofereceu uma grande quantia em dinheiro e suprimentos dos mais variados em uma caravana, mas Cassius recusou. Não sentia que aquilo lhe pertencia. Altair insistiu então que ele levasse consigo sua flauta. Aquela era a prova de que ele, provavelmente, era a pessoa mais próxima de Altair. Não se separava um minuto sequer do instrumento, nunca havia deixado ninguém a tocar e agora lhe entregava como presente. O rapaz sentiu a conexão que havia entre os dois, como pai e filho, aceitou o presente e gravou em seu peito um sentimento coberto de novas incertezas que ele não conseguia elucidar naquele momento.

Com os olhos vermelhos pelas lágrimas não derramadas, ele agradeceu o presente, abraçou Altair (que lhe amarrou os agora longos cabelos), pegou suas poucas coisas e partiu em sua jornada. Entre seus objetivos estavam: visitar a Grande Biblioteca de Candlekeep, encontrar o sanatório para qual sua mãe foi enviada (e descobrir o que aconteceu a ela) e encontrar o homem que um dia chamou de pai. Antes que pudesse estar muito distante, Altair lhe proferiu algumas palavras.

– Garoto! — gritou. — Pense bem no que vai fazer daqui para frente. Tenha em mente que as ações de um homem diferem das de um menino. O que você fizer a partir de agora pode não ter volta.
– Eu sei, Altair! — gritou de volta. — Nos vemos no bordel de Athkatla quando eu voltar!
– Nunca tive fé, mas que os deuses o guiem, meu filho. — sussurrou Altair, sem que Cassius pudesse escutar.

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